quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Por baixa qualidade, Brasil fica em penúltimo lugar em ranking mundial de educação


05 de dezembro de 2012, às 09h00min

Por baixa qualidade, Brasil fica em penúltimo lugar em ranking mundial de educação

Realizada pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), a pesquisa apontou que os três melhores colocados são Finlândia, Coreia do Sul e Hong Kong, seguidos por Japão e Cingapura

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Por Redação , Administradores.com
Um estudo internacional divulgado na última terça-feira (27) coloca o Brasil em penúltimo lugar em um ranking global de educação. O levantamento comparou o desempenho de 40 países, levando em consideração quesitos como notas de provas em áreas como matemática, ciências e habilidades linguísticas, feitas por estudantes de cada local entre 2006 e 2010, além de qualidade dos professores e quantidade de alunos que ingressaram na universidade, entre outros.

Realizada pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), a pesquisa apontou que os três melhores colocados são Finlândia, Coreia do Sul e Hong Kong, seguidos por Japão e Cingapura. Em um grupo intermediário estão Alemanha, Estados Unidos e França. Já entre os piores sistemas do mundo figuram, além do Brasil, mais seis países: Turquia, Argentina, Colômbia, Tailândia, México e Indonésia (último colocado no ranking).
De acordo com um dos responsáveis pela pesquisa, entre as características comuns às nações situadas no topo desta lista estão a valorização dos seus professores e a prática de uma cultura de boa educação. O estudo comprova que os investimentos financeiros são importantes, mas não mais do que a manutenção de uma verdadeira cultura de aprendizado, que valoriza a educação como um todo. Para isso, é fundamental empregar professores de alta qualidade, pagando bons salários. 
Imagem: Thinkstock


"Obter uma má colocação em mais um ranking de educação reforça que é fundamental nos aproximar das raízes dos problemas do Brasil, que se acumulam desde o início do atendimento educacional. Isso tem a ver com uma vasta gama de fatores, como falta de creches, não democratização do acesso, desvalorização da carreira do professor, baixo investimento público, defasagem dos cursos de pedagogia e desigualdade social", afirma Francisca Paris, pedagoga, mestra em Educação e diretora de serviços educacionais do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.
Apesar deste mau resultado, a educadora acredita que fixar as lamentações no termômetro não é o caminho correto, mas, sim, atacar de uma vez a raiz de todos os problemas: a falta de prioridade com que o país sempre tratou a educação básica. "Precisamos, por exemplo, nos perguntar por que nossos governos e sociedade investem tanto no ensino superior, reconhecidamente caro e burocratizado, com um custo anual por aluno que já foi estimado em US$ 15 mil, enquanto crianças e jovens estudam em escolas com péssima infraestrutura, professores mal pagos e sem recursos tecnológicos? Precisamos descobrir por que nossas crianças chegam ao ensino fundamental II com habilidades de leitura tão parcas e saber como qualificar imensas populações de jovens e adultos para um mercado de trabalho que demanda cada vez mais conhecimento", diz.
A pedagoga Francisca Paris ressalta que é a intervenção pedagógica adequada dos educadores que faz quase toda a diferença na escola. Só que, apesar de a atividade docente estar cada vez mais complexa e exigente, a carreira tem um estatuto social decadente, formação fragilizada e remuneração baixa. Então, não atrai à profissão os estudantes mais qualificados nem anima os melhores profissionais a manter-se nas escolas públicas. A carreira recebe pessoas desmotivadas e que, provavelmente, não encontrarão incentivos e sentido no magistério, já que não "escolheram", mas foram social e economicamente "escolhidas" para serem professores.
"A questão da valorização do magistério é essencial para que os professores possam realizar suas tarefas com dignidade. É evidente que apenas oferecer um salário maior não irá comprometer nem qualificar o corpo docente, mas é imprescindível que haja políticas de ampliação das remunerações. Isso juntamente com políticas de avaliação externa de docentes, discentes e gestores, que indiquem intervenções técnicas de nossos gestores públicos, a fim de dar saltos na qualidade da escola pública. O primeiro e mais importante passo para tal empreitada é devolver a decência à docência", finaliza a diretora de serviços educacionais do Ético Sistema de Ensino, Francisca Paris. 
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